A
cuarta feira, mércores, 18 de xuño, ás 20:00 horas, na Biblioteca da Asociación de Veciñ@s Atochas-Monte Alto (Campo de Marte, s/n), en colaboración con esta Libraría, Teresa Moure presenta Politicamente incorreta. Ensaios para um tempo de pressas e Eu violei o lobo feroz, publicados en Através Editora. No acto, xunto á autora, participa Ramiro Torres.
Eu violei o Lobo Feroz
é o primeiro livro de poemas de Teresa Moure. Uma singular Capuchinho Vermelho reconstrói e constrói a sua historia e identidade através de confissões quando é retida por terrorismo ecológico.
Este livro, que ainda não é,
nasce duma ferida
comprida e profunda,
duma fenda escura e húmida
nos calabouços duma prisão do estado
repressor.
Este livro, que ainda não é,
nasce duma ferida palpitante,
da dor imensa de ver-me desamparada
logo de tantas ideias libertadoras
que pulam, aí onde estais, fora destes muros,
nas ruas, nos antros mal ventilados
que não se conformam com o ar assético da democracia
Mas, sobretudo, este livro
nasce duma ferida
carnosa e suave
que ciclicamente sangra
e que levo aberta
entre as pernas.
Uma
mulher é politicamente incorreta quando diz o que não se espera dela e, ainda mais, quando pronuncia uma verdade não admitida pela opinião pública, pelo felizmente acordado no consenso social. Se alguém −é apenas um exemplo− insinuar que os poderes eleitos nem sempre nos representam ou que é preciso dedicar-se a sabotar as instituições, ou confiscar as igrejas para torná-las centros sociais, adota uma atitude subversiva que não encaixa no relato admitido pelos meios de in-comunicação. Nessa atitude rebelde lateja o desacato: para o modelo conservador, com as suas hierarquias e os seus interesses inconfessáveis, mas também para os pensamentos supostamente avançados, que se conformam com pôr remendos a um mundo que deve ser reduzido a cinzas. A politicamente incorreta é pessoa incómoda, pode assumir-se. Se atuar assim, desta maneira selvagem e provocadora, é porque acha um prazer inusitado em meter o dedo no olho a quem enunciar verdades que devem ser aceites e repetidas até a saciedade numa realidade em perpétuo fluxo. Esse prazer, como todos, é dissidente. Ameaça. Procura exercer uma crítica radical contra o poder. Procura algo mais formoso do que o poder: a autenticidade.